"A PSP só nos dificulta a vida"
Quase não há rua em Lisboa que não sofra com as cargas e descargas. É sabido que, apesar de existir sinalização que proíbe a paragem e estacionamento em locais reservados para esse efeito, a verdade é que esses espaços, protegidos pelo Código da Estrada, estão quase sempre ocupados por outros veículos. As cargas e descargas fazem-se assim no meio da estrada, dificultando a circulação rodoviária.
O camião da carne estacionara em plena faixa de rodagem, em segunda fila, mesmo frente ao Mercado de Alvalade Norte. "Aqui nem é o local mais complicado", frisa, ao DN, Fernando Rodrigues, da empresa de transporte de carnes. Mas, adianta, "em geral, é muito difícil. Mesmo nos locais próprios para as cargas e descargas estão sempre outros carros estacionados".
"O mais engraçado", ironiza, "é que a PSP não multa quem ocu- pa os lugares que nos estão reservados. Nada disso. Multa-nos a nós. Em vez de nos facilitar a vida só dificulta." E lembra: "Uma vez na Rua 31 de Janeiro andámos mais de uma hora para conseguir parar." A dor de cabeça é maior sempre que tem de ir para zonas como São Bento.
Na Avenida D. Carlos I também não há espaço para parar. António Simões optou por estacionar em frente à paragem de autocarro e já que ali estava aproveitou e almoçou a sua habitual sandes. "Era o único local disponível", disse ao DN. "Multas? Sim, já fui multado, tentei explicar o problema, mas a PSP nem me quis ouvir", denuncia. As queixas são generalizadas. "Estacionar à porta do estabelecimento é muito raro", sublinha. A solução poderia passar por "um estudo profundo sobre este problema", aconselha. Enquanto isso, "não há melhoras, está tudo na mesma ou pior", garante.
O sistema para cargas e descargas funciona de forma semelhante à Via Verde para as portagens. O identificador permitirá controlar ao minuto o tempo de paragem de cada veículo, sendo que cada operação não poderá exceder os 30 minutos. Caso contrário, o tempo extra é debitado ao operador através do OBU (On Board Unit), que poderá ser carregado via multibanco ou funcionar através de débito em conta. O controlo das viaturas será feito pela EMEL - Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa.
Inicialmente estava previsto que o sistema entrasse em testes em Setembro de 2004. Numa primeira fase seria instalado na envolvente à Avenida da República (ver infografia). Aqui seriam sinalizadas 125 bolsas de estacionamento (com 250 lugares). Posteriormente, seria alargado ao eixo central da cidade, que compreenderia, além da zona-piloto, a Avenida da Liberdade, a Baixa e a zona ribeirinha. SL